Por Ricardo Noblat
O Globo
Parte da delação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
preso em Curitiba desde outubro do ano passado, já foi aceita pelo Ministério
Público Federal. E é nela que reside a revelação que mais assombra seus
ex-colegas da Câmara: a lista dos que receberam dinheiro para votar a favor da
abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
Cunha não se limitou a dar os nomes – a maioria deles do
PMDB. Citou as fontes pagadoras e implicou o presidente Michel Temer.
Reconheceu que ele mesmo em alguns casos atuou para que os pagamentos fossem
feitos. Contou o que viu e acompanhou de perto e o que ficou sabendo depois.
Não poupou nem aqueles deputados considerados mais próximos dele. Teve uma
razão especial para isso.
É o troco que dá aos que antes satisfizeram suas vontades e
depois o abandonaram quando mais precisou da ajuda deles. Cunha foi do
céu ao inferno num período de 17 meses. Eleito presidente da Câmara em primeiro
turno no dia 1 de fevereiro de 2015 com 267 votos de um total de 513, acabou
cassado no dia 12 de setembro do ano seguinte por 450 votos. Somente 10
deputados votaram por sua absolvição.
Tanto Cunha quanto o Ministério Público têm pressa em fechar
acordo em torno do restante da delação. Se isso ocorrer, ela poderá servir de
base para uma nova denúncia contra Temer. Ou, no mínimo, para provocar um
terremoto na base de sustentação do governo no Congresso, fragilizando-o ainda
mais. Temer já foi informado a respeito e reagiu com tranquilidade.
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